A predileção por corpos mais magros começa a ser divulgada de maneira um pouco brusca e até mesmo, em alguns aspectos, preconceituosa, fazendo assim crescer a obsessão pelo que seria o “corpo ideal”. De acordo com Sant’Anna, “Na década de 1970, costureiros e figurinistas demostraram preferir os magros. Na alta-costura, as magricelas eram associadas à sofisticação, enquanto as gordas eram excluídas da publicidade de roupas e produtos de beleza” (SANT’ANNA, 2016, p.113). Assim, era evidente a exclusão das gordas e obesas de qualquer relação positiva e de desejo, causando uma rejeição de meninas e mulheres em relação ao seu corpo. Como também comenta Lipovetsky: As top models exibem uma silhueta filiforme, as industrias alimentícias tornam todo um conjunto de produtos mais leves, a medicina e os exercícios físicos declaram guerra ao sobrepeso, a cirurgia estética reduz, aspira e elimina tudo o que aparece como um volume demasiado adiposo. Alimentação e bem-estar, beleza e saúde não se concebem mais sem as virtudes do corpo leve (LIPOVETSKY, 2016, p. 88).
O problema é que todos esses fatos provocam uma reação que na maioria não é positiva. Essa influência e inspiração pela magreza geram cuidados e obsessões que não são nada saudáveis e provocam problemas de saúde sérios, e chegam até a se tornar patologias como anorexia e bulimia, evidenciada total relação entre desejo do corpo e a influência da mídia na prospecção da doença. Isso se intensifica na atualidade, pois com a midiatização crescendo e o fácil acesso às redes sociais com grande número de musas fitness e influenciadores digitais, tornam ainda maiores os desejos e as obsessões recorrentes na vida dessas meninas que já possuem uma vulnerabilidade para o transtorno. Conviver diariamente com a imagem “perfeita” de outras meninas alimenta a sensação que esse corpo perfeito é real e que se ela quisesse poderia ter. Assim essa mulher acredita pela comparação, que não está se esforçando o suficiente na tarefa de ter um corpo perfeito, não sendo capaz de observar outros aspectos que as diferenciam, como organismos diferentes, estilos de vida, composição corporal, tempo e as prioridades. Certas de que o problema está em si, essas garotas são capazes de atitudes insalubres para conquistar esse corpo tão desejado, prejudicando à sua própria saúde e não respeitando seus limites. Sant’Anna cita como outro problema enfrentado a superexposição aos conteúdos oferecidos pela internet: Os sites e blogs que exaltam a anorexia como estilo de vida possibilitam o contato pela internet de jovens desejosas de emagrecimento, tocadas por um receio mórbido de engordar”, elas incitam através de blogs e sites às patologias como solução mais eficaz para controle de peso e busca do tal corpo “perfeito” (SANT’ANNA, 2016, p. 152).
Vivemos numa sociedade onde as pessoas ditam regras a todo momento do que é belo e o que não é e como devemos nos vestir, assim os padrões são estabelecidos. O tempo todo os bombardeios da “imagem perfeita”, que são irreais e distorcidas, fazem idealizar corpos, estilos e personalidades que não nos representa e, a falta de autoconhecimento gera uma necessidade de pertencermos ao meio e esquecermos que todos nós temos uma singularidade. O verdadeiro segredo da beleza está em descobrirmos nossa beleza única e contemplá-la. Somos seres únicos e o belo está dentro de nós. Muitas vezes nós perdemos da nossa personalidade e nós não nos valorizamos pelo simples fato de nosso olhar está voltado totalmente ao outro e nos compararmos o tempo todo. A resposta está dentro de nós. A jornada de construção da sua imagem irá despertar o seu olhar para dentro de você, sua essência. Entender quem você é e o que você sente, conectando sua personalidade e seu coração através das cores, linhas, formas, texturas. Vamos quebrar padrões e refletir exatamente quem é você e ficar em paz com a sua imagem refletida no espelho.